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Psicologia financeira: como sua forma de pensar impacta o seu bolso

Você tem a sensação de que nunca tem dinheiro para fazer o que gosta? Tudo pode estar ligado à sua forma de pensar. Entenda como funciona seu comportamento financeiro

por Portal Exponencial

Atualizado em 17 de agosto, 2023

Psicologia financeira: como sua forma de pensar impacta o seu bolso

Você sabe o que é psicologia financeira? Tem gente que gasta como se não houvesse amanhã e só se dá conta da realidade quando a máquina do cartão diz “transação não autorizada”. Outras pessoas anotam tudo o que consomem, todos os dias, e deixam de ter certos prazeres por insegurança. Também há aquelas com pavor de qualquer investimento que não seja a poupança, que não apresenta nenhum risco, mas também rende pouco ou quase nada. 

Estes são alguns dos chamados perfis financeiros e, com certeza, você se encaixa em um (ou em mais de um) deles. em se tratando de planejamento financeiro, não existe o certo ou errado, mas sim o mais adequado para cada indivíduo.

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Cada pessoa tem a sua remuneração, seus gastos, seus sonhos e suas metas financeiras. Como diria o ditado, “cada um sabe aonde o calo aperta”. E nenhum consultor, por melhor que seja, terá a resposta que você busca, simplesmente porque o único lugar onde essas respostas podem ser encontradas é dentro de você.

Para que possamos tomar as melhores decisões financeiras, precisamos compreender como nós vemos a vida. Quais são as suas prioridades? O que você almeja para o seu futuro? Como você gostaria que fosse sua vida daqui a cinco ou dez anos?

Uma vida financeira próspera não significa necessariamente um conta bancária muito gorda, carros de luxo, mansões, nem nada disso. Significa, sim, que você utiliza os seus recursos da melhor maneira possível para atingir os seus objetivos, independentemente de quanto seja a quantia necessária para isso.

Sem objetivos próprios, você nunca chegará ao sucesso financeiro, mesmo que consiga juntar milhões de reais, simplesmente porque o sucesso não está em quanto você tem, mas em saber usar o que tem de forma adequada. E a única maneira de fazer isso é conhecendo a si próprio.

Psicologia financeira: crenças inconscientes podem impulsionar o comportamento financeiro 

A psicanalista Márcia Tolotti resolveu quebrar um padrão que vinha de família. Fugiu das dívidas, da falta de planejamento e dos gatilhos de consumo. Os aprendizados da vida pessoal inspiraram sua escolha profissional. Hoje em dia, ela ajuda pessoas a tomarem as rédeas da própria vida financeira e a terem flexibilidade financeira para o futuro. Autora de diversos livros, como Linha de Chegada - O poder do hábito e da disciplina para conquistar suas metas, ela dá dicas sobre psicologia financeira, explicando como colocar as contas em ordem e mudar alguns hábitos emocionais:

Não tenho ou não sei gastar?

Segundo ela, existem duas razões principais para uma pessoa não ter dinheiro: ou ela de fato ganha pouco (como, por exemplo, um salário mínimo para sustentar uma família inteira e ainda ajudar pais e parentes) ou está presa a um ciclo de autossabotagem.

“É fundamental se conhecer e saber qual é a relação que temos com o dinheiro. Conhecer o momento em que nos sabotamos é a forma de nos protegermos de decisões ruins do ponto de vista financeiro”, esclarece a especialista.

Quando Márcia cita o termo “autossabotagem”se refere aos seguintes perfis comportamentais da psicologia financeira:

1. Crença limitante financeira 

Acreditar que não é merecedor e que não vai conseguir ter finanças equilibradas. Ao acreditar nisso, inconscientemente as decisões serão tomadas de forma a repetir o padrão e, assim, ficar sem dinheiro.

2. Escravo das dívidas

Trata-se de um padrão que, embora a pessoa não esteja no vermelho, não sobra nenhum dinheiro. Sempre contrai uma dívida e corre o risco de, em qualquer imprevisto, ficar inadimplente. Consegue pagar as dívidas, mas não tem disciplina para trocar uma dívida por um investimento (e comprar à vista, por exemplo).

3. Endividado ativo

Pessoas desse perfil entram e saem do vermelho várias vezes ao ano. O endividamento emocional (causado por culpa, insegurança, baixa autoestima) é o gatilho para gerar dívidas. Sem uma mudança mental e emocional, dificilmente haverá uma mudança financeira.

4. Vitimado financeiro

Do ponto de vista financeiro, é o pior modelo mental. São pessoas inadimplentes e com grandes dívidas - muitas vezes, até impagáveis. Acreditam que toda vida financeira ruim é culpa de alguém. Não conseguem se responsabilizar pelas decisões e não param de entrar em "roubadas". Têm sempre uma justificativa na ponta da língua para todos os reveses aos quais acreditam estarem expostos. Infelizmente, a mudança, nesses casos, mesmo com tratamento psicológico, é rara.

Autoconhecimento: o único caminho seguro para a independência financeira 

Saber a fundo como você se comporta diante do dinheiro é o primeiro passo para entender suas finanças. Se está gastando muito, se economiza demais e deixa de ter prazer, tudo isso está ligado à psicologia financeira. Já ouviu falar? Aqui, a gente te dá 3 passos para entendê-la. Quem ajuda nesta missão é o psicólogo Luiz Francisco Jr., professor da Fadisp - Faculdade Autônoma de Direito, de São Paulo.

Passo 1: A importância de saber como você se comporta  

A educação financeira tem a ver com a gestão e o cuidado com os recursos financeiros que você tem. Então, a partir do momento em que conhece bem suas necessidades, suas carências e pontos de fragilidade, é possível saber as razões pelas quais você se descuida neste aspecto da vida. É exatamente isso que a psicologia financeira estuda. 

Se você, por exemplo, está inseguro em algum momento e acaba gastando demais com roupa ou para mudar algo na aparência achando que precisa dar um up na autoestima, isso demonstra um desses momentos de fragilidade. Tentar preencher um vazio com compras é bastante comum. Mas, geralmente, esse vazio não tem a ver com coisas e sim com emoções e sentimentos. 

Se você acha que isso já aconteceu ou acontece com você - ninguém está livre - fique atento para reconhecer e evite que aconteçam novamente. Principalmente se, por algum motivo, você passar a focar suas inseguranças em gastos maiores, como a compra de carros ou o projeto, sem planejamento, da compra de uma casa. 

“As finanças compõem um eixo fundamental de sobrevivência na vida de um indivíduo. Então, se ele tem alguma fragilidade ou mesmo segurança e estabilidade, automaticamente, isso vai se refletir nos tipos de gastos e na falta de controle”, diz o Luiz Francisco Jr.

Quando você não está bem, pode torrar dinheiro para buscar uma felicidade momentânea, concorda? Aí, diante de gastos inesperados, de uma dificuldade financeira, a situação emocional pode piorar e virar uma bola de neve.  “Um problema pontual, seja por alguma necessidade instantânea ou imprevisto vai causar um problema mais sério de ordem emocional, principalmente se a má gestão se tornar crônica”, diz o psicólogo.

Passo 2: Dinheiro é muito mais do que fazer contas  

Para ter controle do que você tem em conta é preciso calcular, ser rígido com os números e saber somar e subtrair. Mas, o dinheiro também vem carregado que outros fatores além da matemática. Ele representa poder de compra, em qual nível social cada um se encontra, assim como proporciona cultura e conhecimento, por exemplo.

“Existe uma série de aspectos ligados a ele, inclusive emocionais, a partir do momento em que ele tem o poder de aproximar ou afastar as pessoas”, fala. Além disso, dinheiro tem a ver com organização, já que para ter uma vida financeira saudável, você precisa ter controle de tudo o que você ganha e de tudo o que você gasta. Recursos financeiros também estão ligados ao foco, pois, para comprar algo de maior valor, é preciso ter planejamento, organização e saber abrir mão do prazer imediato. E, por fim, quando você tem pleno controle disso tudo e consegue o que quer, terá um sentimento de potência e segurança.

Passo 3: Seu comportamento e os resultados na sua conta 

“Para que alguém tenha uma vida financeira saudável, do ponto de vista psicológico, é preciso entender, quais são suas dificuldades, angústias e os pontos sensíveis que levam à má gestão dos recursos financeiros”, explica Luiz Francisco Jr., especialista em psicologia financeira. 

Assim, é possível saber o que exatamente te leva a se endividar. Quem está com a vida financeira desestruturada precisa ir além das questões práticas, como ter uma planilha de controle. A questão vai mais do que a análise entre o que se ganha e o que se gasta. 

Claro que tudo isso é fundamental para o controle, mas quando o caso é crônico (você sempre esteve mergulhado em dívidas?), isso pode ser um sinal de alguma compulsão, um foco excessivo nas compras para compensar momentos de estresse ou insegurança. 

Mas isso que quer dizer que seu eu cuidar da cabeça, não preciso nem colocar no papel meus gastos e ganhos? Não! Emocional e racional precisam andar juntos. “O dinheiro, o salário, continuam sendo aspectos quantitativos, então, se não tiver pleno conhecimento daquilo que se ganha, utiliza, perde e do que precisa ser reposto, vai ser difícil de encontrar uma condição financeira favorável e saúde”, diz.

Somente depois de olhar para dentro de si e se autoconhecer é  possível mudar. Adquirir bons hábitos financeiros vai muito além de ter força de vontade, é preciso ter clareza e entender quem você é e o que é importante para você. A independência financeira será uma consequência natural de uma nova forma de pensar e agir.

Agora que você já sabe como a psicologia financeira impacta o seu bolso, não deixe de compartilhar o texto com seus amigos. E assine a newsletter do Portal Exponencial para não perder nenhum conteúdo sobre finanças e economia. 

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