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A taxa de juros média do crédito rotativo é uma das mais caras do mercado. Ainda assim, a modalidade não para de crescer. Entenda como utilizar o rotativo pode prejudicar seu bolso e conheça opções mais saudáveis de crédito
por Elaine Ortiz
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
A quantidade de dinheiro emprestado via crédito rotativo no cartão vem aumentando. Em dezembro de 2019, foram 41,1 milhões de reais concedidos, ante 34,2 milhões de reais no mesmo período de 2018, aumento de 20% do crédito liberado nesta modalidade. O movimento revela que, apesar de possuir um dos juros mais altos do mercado - fechou 2019 em 318,9% ao ano -, o rotativo continua sendo preferência dos brasileiros. Falta de planejamento e facilidade de acesso são os principais motivos para a grande adesão.
“As pessoas se afundam ao utilizar o crédito rotativo por uma questão de falta de planejamento”, diz o economista e educador financeiro, Alessandro Azzoni. “O perfil do usuário do crédito rotativo é o do indivíduo que observa apenas o valor que ele pode pagar conforme seu orçamento naquele mês, ele não está preocupado com os juros, não se planejou para fazer compras parceladas e, por isso, efetua o pagamento do valor mínimo da fatura, é aí que entra na espiral do endividamento”, diz.
É justamente ao não quitar o valor total da fatura do cartão que o cliente entra no rotativo e é a partir desse momento que a bola de neve pode ter início, o que explica o aumento também da inadimplência entre os usuários dessa modalidade de crédito no ano passado. Segundo o Banco Central, do valor total emprestado no rotativo, 25,1 milhões de reais dizem respeito a faturas atrasadas. Em 2018, esse valor era de 19,9 milhões de reais.
Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que as dívidas com cartão de crédito são responsáveis por 67% das negativações de CPFs no Brasil.
Leia também: O que é crédito rotativo e por quê não vale a pena
O cartão de crédito fechou 2019 como a modalidade de crédito mais cara do país. Em dezembro, a taxa de juros média, formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes, ficou em 318,9% ao ano, ante 318,3% em novembro. Durante todo o ano, o aumento nos juros do cartão foi de 33,5 pontos porcentuais. No fim de 2018, a taxa estava em 285,4% ao ano.
O Conselho Monetário Nacional tenta minimizar os impactos da utilização do rotativo no bolso dos brasileiros, regulamentando algumas práticas para que bancos e operadoras limitem e padronizem os juros para os clientes inadimplentes.
É por isso que, desde 1 de junho de 2018, clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito pagam a mesma taxa de juros dos consumidores regulares - até então, os clientes que não pagavam pelo menos o valor mínimo da fatura em dia caíam na modalidade de rotativo não regular, com taxa de juros mais cara que a cobrada dos clientes adimplentes (regulares).
Além disso, os cartões passaram oferecer um novo parcelamento da fatura e liberam o limite do cliente. “A partir do momento que se faz a repactuação o crédito da pessoa é liberado e o problema é que se o cliente não parar de utilizar o cartão, corre-se o sério risco de cair no rotativo novamente”, diz o educador financeiro Azzoni.
Dessa forma, a medida contribui para diminuir o endividamento, de um lado, mas, por outro, não resolve a questão. “É necessário que os usuários dos cartões de crédito desenvolvam um uso consciente e planejado e entendam que o crédito rotativo só deve ser utilizado em um momento de absoluta emergência. Se entrar, já sair no mês seguinte, sabendo que seu orçamento será idêntico ao do mês anterior e que a dívida com o rotativo já será maior ”, diz Azzoni.
É consenso entre os especialistas que o rotativo não é a opção de crédito mais indicada. Há uma série de produtos financeiros disponíveis no mercado que oferecem condições mais saudáveis. “O rotativo nunca é a melhor a opção”, diz Azzoni. “Buscar outra fonte de empréstimo é muito mais vantajoso” .
O economista indica que a pessoa que está endividada some todas os valores e tente trocar por uma única dívida, com taxas mais amigáveis. “Tomar um dinheiro no crédito direto ao consumidor já é mais vantajoso, fazer portabilidade de empréstimos também é uma possibilidade, já que a concorrência dos bancos está aumentando com a entrada de novas instituições no mercado. Avalie e pesquise várias instituições”, orienta.
“Empréstimo com garantia é mais barato, consignado também é mais barato, mas o mais importante é não esquecer que, ao renegociar uma dívida, você não pode continuar gastando no cartão, afinal seus rendimentos já estão comprometidos com a parcela do empréstimo”, diz.
Conheça algumas opções de crédito mais saudáveis do que o rotativo:
1. Empréstimo pessoal
O empréstimo pessoal é um crédito cedido por uma instituição financeira a um cliente, para fins pessoais. Dependendo do local, o consumidor não precisa declarar para que finalidade usará o crédito. A taxa média de juros é 99,1% ao ano, segundo dados do Banco Central de dezembro/19.
2. Empréstimo com garantia
Trata-se da modalidade na qual o cliente oferece um bem à instituição financeira como garantia de pagamento. É também conhecida como alienação fiduciária, já que o bem colocado como garantia fica alienado à instituição credora, ou seja, continua com o proprietário, mas é transferido à instituição financeira até a quitação total do débito como uma forma de garantir o pagamento das prestações. As taxas médias de juros para imóvel em garantia em algumas instituições chega a 14,82% ao ano e para automóvel a 42,9% ao ano.
3. Empréstimo consignado público
O empréstimo consignado também é considerado um modelo de crédito com garantia no qual o tomador usa o seu próprio salário para garantir o pagamento das parcelas, que são descontadas automaticamente do holerite todos os meses. O empréstimo consignado público é uma modalidade oferecida exclusivamente a funcionários públicos, aposentados e pensionistas do INSS com juros médio de 20,5% a 23,7% ao ano.
4. Empréstimo consignado privado
Nesta modalidade, o crédito é oferecido exclusivamente a funcionários de empresas privadas que são conveniadas às instituições financeiras. O valor das parcelas é descontado diretamente da folha de pagamento do tomador. Embora apresente taxas superiores às praticadas no empréstimo consignado público, o consignado privado ainda está entre as melhores ofertas do mercado. Normalmente, a modalidade também traz maiores prazos para pagamento e a aprovação da operação passa por uma análise que visa não comprometer mais do que 30% da renda do tomador.
Leia também: Empréstimo com garantia: conheça 5 modalidades e entenda como funcionam
Uma série de comportamentos podem contribuir para que os clientes utilizem os cartões de crédito de forma mais consciente e evitem cair no crédito rotativo.
1. Avalie a necessidade da compra
Pensar se realmente precisa de um produto antes de efetuar a compra é a principal dica para evitar o endividamento. Não comprar por impulso, pesquisar, negociar preços contribui para manter o orçamento em dia e não fazer compras desnecessárias. “Quero? Pensa e repensa se esse é um gasto necessário neste momento”, diz Azzoni.
2. Verifique se cabe no seu orçamento
Saber se a parcela que está assumindo cabe no seu orçamento é fundamental. “Na hora que for assumir uma parcela, por exemplo, comprar uma televisão de 1 500 reais e dividir em 10 vezes de 150 reais, avalie se seu orçamento mensal tem fôlego para pagar”, orienta Azzoni. “Aí você pode usar o cartão de forma inteligente”.
3. Evite as “parcelinhas”
É importante ter cuidado ao comprar produtos e dividir em muitas parcelas. “Se faz em 10 vezes, lá pela quarta parcela você já esqueceu e acaba fazendo outra compra também em várias parcelas”, diz o educador financeiro. “Sempre controle seu orçamento e deixe anotado o quanto você já tem de compras parceladas no seu cartão, para saber exatamente quanto do seu rendimento mensal já está comprometido”.
4. Pague a fatura em dia
Feita a compra de forma consciente e planejada, não esqueça de pagar a fatura em dia e o valor total. “ Se ainda assim não tiver dinheiro suficiente para quitar a fatura, recorra a outra modalidade de crédito”, diz Azzoni. “Só não deixe nunca de pagar a fatura”.
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